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A sigla ESG – Environmental, Social and Governance (Ambiental, Social e Governança) – deixou de ser um nicho e se tornou um imperativo estratégico para empresas que buscam longevidade e relevância. No entanto, a implementação efetiva desses princípios exige mais do que relatórios e políticas ambientais.
Ela precisa permear toda a cultura da organização. É aí que o setor de Recursos Humanos (RH) assume um papel de protagonista, transformando diretrizes em ações e valores. O ESG no RH é o motor que traduz a responsabilidade corporativa em práticas diárias, desde o recrutamento até a liderança.
Este artigo explora como o RH é capaz de ser o principal agente de mudança para a sustentabilidade empresarial, garantindo que as práticas sociais e de governança estejam alinhadas com o propósito da companhia.
Historicamente, o foco do RH tem sido a gestão de talentos, remuneração e compliance trabalhista. Contudo, em um mundo focado em gestão responsável, o escopo do RH se expande drasticamente. O setor passa a ser o guardião do “S” (Social) e um forte influenciador do “G” (Governança) do ESG.
O RH é responsável por construir a cultura organizacional. Uma cultura que valoriza a diversidade, a ética e o bem-estar dos colaboradores é o alicerce para qualquer iniciativa de sustentabilidade de sucesso. Sem o engajamento das pessoas, as políticas ESG ficam apenas no papel.
A sustentabilidade corporativa, portanto, depende diretamente de como o RH recruta, treina, desenvolve e remunera seus talentos, integrando a responsabilidade social em cada etapa da jornada do colaborador.
Para entender a relevância do ESG no RH, é essencial detalhar cada pilar e como ele se conecta à gestão de pessoas:
● E (Ambiental): embora pareça distante, o RH influencia este pilar promovendo a conscientização sobre o uso de recursos (água, energia, papel), incentivando o home office (reduzindo emissões de carbono) e garantindo que o bem-estar do colaborador esteja ligado a um ambiente de trabalho saudável.
● S (Social): este é o pilar mais diretamente ligado ao RH. Envolve diversidade e inclusão, equidade salarial, saúde e segurança do trabalho, satisfação e desenvolvimento dos colaboradores e o impacto social nas comunidades onde a empresa opera. Uma gestão responsável começa aqui.
● G (Governança): o RH assegura a transparência e a ética por meio de políticas de compliance, canais de denúncia (whistleblowing) e a composição diversa e justa dos quadros de liderança e conselhos.
O ESG no RH é, em essência, a formalização e a mensuração de como a empresa trata seu capital humano e a ética em suas operações.
O RH tem ferramentas poderosas para conduzir a agenda ESG do nível estratégico para o operacional. A aplicação de práticas ESG aplicadas ao RH começa com a redefinição de processos-chave.
Uma estratégia fundamental é integrar os critérios ESG aos programas de treinamento e desenvolvimento. Todos os colaboradores, especialmente a liderança, devem ser treinados não apenas em hard skills, mas em ética, inclusão e sustentabilidade.
No processo de recrutamento e seleção, o RH deve buscar ativamente a diversidade e garantir que os candidatos possuam valores alinhados à sustentabilidade. Além disso, a comunicação interna deve focar na transparência, divulgando abertamente os resultados e os desafios da empresa em relação às metas ESG.
Adotar práticas ESG aplicadas ao RH de forma consistente garante que a sustentabilidade se torne um hábito. Essas ações vão muito além de iniciativas pontuais:
● Diversidade e Inclusão: criar políticas claras para equidade salarial, promover grupos de afinidade e estabelecer cotas para a contratação de grupos sub- representados.
● Saúde e Bem-Estar: oferecer programas robustos de saúde mental, ergonomia e equilíbrio entre vida profissional e pessoal, reconhecendo que o bem-estar do colaborador é um ativo.
● Desenvolvimento Ético: estruturar códigos de conduta rigorosos, com treinamento obrigatório sobre compliance, combate à corrupção e assédio.
● Engajamento Comunitário: incentivar e gerenciar programas de voluntariado corporativo que permitam aos colaboradores aplicar suas habilidades em causas sociais e ambientais relevantes para a sustentabilidade empresarial.
Essas ações concretas demonstram o compromisso da organização com a gestão responsável, fortalecendo o “S” do ESG.
Para que o ESG no RH seja levado a sério, ele precisa ser medido. O RH deve criar indicadores (KPIs) claros que refletem o desempenho social e de governança da empresa, integrando-os aos relatórios anuais de sustentabilidade.
Métricas essenciais incluem:
● Taxa de Rotatividade Voluntária: indicador de satisfação e engajamento.
● Índice de Diversidade: percentual de mulheres em cargos de liderança, representatividade racial e de PCDs.
● Aderência ao Código de Ética: número de treinamentos concluídos e taxa de denúncias processadas.
● Diferença Salarial por Gênero/Raça: medida crucial para a equidade.
Ao monitorar e divulgar esses dados de forma transparente, o RH não só cumpre seu papel de gestão responsável, mas também atende às exigências de investidores e stakeholders que utilizam métricas ESG para avaliar a performance e o risco da companhia.
O RH está posicionado de maneira única para atuar como um verdadeiro agente de transformação. Ao integrar a sustentabilidade empresarial em todas as suas funções, o setor garante que os valores ESG não sejam apenas um comunicado de imprensa, mas sim a alma da organização.
O desafio final do RH é garantir que a cultura organizacional não apenas suporte às práticas ESG, mas que seja impulsionada por elas.
Essa ação cria um ciclo virtuoso: colaboradores engajados e valorizados se tornam embaixadores da sustentabilidade, impulsionando a performance e a reputação da empresa.
Gi Group Holding
Publicado em: 24 de novembro de 2025